sexta-feira, 9 de março de 2012

Longa espera em Édson Passos

3-9-2011.Estação Édson Passos, Mesquita.

Era véspera de mais um ato da FNT contra o Ricardo Teixeira, e eu fui fazer uma panfletagem no Edson Passos. Era a abertura da Copa Rio, América x Madureira. Saí atrasado, e cheguei no fim do primeiro tempo.

O representante da FERJ havia mandado fechar o Giullite Coutinho. Ou seja, não conseguiria entrar, mesmo estando com o dinheiro do ingresso. E eu não era o único, outros foram barrados na entrada. Se os jogos já não tem muito apelo midiático, assim fica ainda mais difícil atrair público...

Entrei escondido, quase ao término da partida. Mas meu gosto por conversar tornou a espera na estação especialmente interessante. Outro gosto deste que vos escreve é de conversar com a "velha guarda". Eram três(o grupo era um pouco maior).

Uma senhora, que já havia cruzado certamente a casa dos 70, me contou sobre como torcedores levam aos mais novos o espírito do futebol.  No colégio próximo ao estádio, um grupo de contadores de histórias(existe inclusive um nivelamento por experiência e conhecimento) contam "causos" do América. "Edu Coimbra é o ídolo dessas crianças", me dizia ela. Eu como historiador, e com a veia do ensino, fiquei verdadeiramente fascinado. Tempos atrás cheguei até a sugerir ao "capo" da Ultras 1936(barra-brava do Auto) executar a mesma idéia em João Pessoa.

Fica a a dica aos leitores...como diria o baixinho de Cão de Briga(Unleashed), "pegue eles pequenos, e as possibilidades são infinitas".

Estavam lá mais dois senhores. Um, por volta dos 80 anos,me emocionou bastante ao tirar da carteira um recorte de jornal, acho que de 2011 mesmo,  com 3 americanos nas arquibancadas. Só. Ele era um. O rebaixamento era certo. Junto do outro coroa, esse bem mais novo e com um filho da minha idade, discorreram sobre as dificuldades de se encontrar produtos do time, e que por isso mesmo todos os lançados vendiam bem. Algo sobre variedade versus quantidade.

O homem era do início, acho que mesmo um dos fundadores da Torcida Inferno Rubro. Não vem ao caso falar de organizadas, mas eu achei muito bacana um caso que aumentou sua fama. 

Em um jogo contra o Fluminense, o América fora goleado. Hoje em dia isso não é (americanos que me perdoem) tão assustador, mas nos anos 80 era um resultado extremamente notável. Ainda mais no primeiro tempo. Enquanto os "amargos" saiam no intervalo, o cara pegou uma bandeira e foi para trás do gol, no espaço do Maraca reservado a eles. Por 40 minutos bandeirou, como me disse, bandeiras belas que hoje em dia não se vê entre a torcida do Diabo. Deu uma boa repercussão. Também falou brevemente das viagens e confusões Brasil à fora...

Surgiu um torcedor do Madureira e Fluminense, e ouviu um sermão homérico sobre "ter apenas um time no coração".

Mas claro, aquela era uma estação de trem. A Supervia controla elas. Alguma surpresa tinha que ter. Durante todo esse papo, um trem passou. Fechou no meio do nosso pequeno grupo, violenta e mesmo perigosamente.  Nisso, separaram-se de nós a senhora contadora de histórias, o tricolor misto, mas principalmente, separaram-se o pai e seu filho. Tudo bem, o cara não era uma criança. Mas mesmo assim, foi uma dor de cabeça violenta, porque cada trem demorava muito pra chegar. 

Tenho que voltar àquele estádio, conversar...

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